domingo, 20 de setembro de 2015

silêncio
























diz-lhe o homem-terra
- diz-lhe que sim! não o faças sofrer, coitado do homem
- não quero
insiste ela
- mas porquê? é feio? é pobre? é mal-educado?
- não é nada disso, é bonito, é novo, tem várias casas, vários carros, é educado, beija-me a mão, abre a porta do carro, afasta-me a cadeira da mesa para eu me sentar, tem sentido de humor, canta para mim e faz-me rir
- mas então porquê mulher?
o homem-terra acha que ela precisa de um testo para a panela dela, como lhe diz ele, a fêmea precisa de uma macho, o branco do preto, o sol da lua, o fogo da água, a mãe terra do pai céu... enfim, implicações da natureza que ela recusa, insistindo naquele caminhar solitário na vida.
- porque isso é o superficial dele, disso eu gosto, é engraçado. mas e depois? o lado profundo, onde nos vamos encontrar quando o silêncio se instalar, como nos entendemos quando chegar a hora de os olhares falarem, poderia eu mergulhar na alma dele, ele na minha? não...
o homem-terra cala-se, encolhe os ombros...
- ai rapariga, só me dás trabalho...















6 comentários:

  1. Não é o amor que aqui me traz, é mesmo o Amor e a Lei, ou leis, que o regem.

    O último post, com jaguar dentro: se um ex-cônjuge (que não deixa de ser progenitor) não pode custear os estudos superiores dos filhos mas outro pode, são os filhos (maiores de idade) que podem e devem colocar-lhe na secretária um processo (um dos amigos da minha porcelana, filho de pais recém-divorciados, com uma média belíssima para Arquitectura, viu-se de repente na situação de não poder estudar; a mãe não trabalhava, o pai decidiu que seguia a sua vida e os filhos que "se fizessem à vida"; o jovem homem 'pô-lo' em tribunal e ganhou, obviamente). Não sei se já tinha contado isto aqui, mas isto pode acontecer e acontece.

    Não faço perguntas, limito-me a relatar, muito brevemente, factos.

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  2. obrigada Alexandra. eu sei. mas há pessoas que são excelentes manipuladoras. no entanto, e como este caso deve ser só um entre muitos, houve uma alteração à lei que agora permite que eu, neste caso, peça directamente, novamente pensão de alimentos. vou tentar.

    obrigada, mais uma vez. boa noite!

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  3. wishing you a lotta luck (eu, que, se pudesse, teria sempre prescindido do dinheiro das pensões de alimentos - abriria uma conta e faria depósitos mensais - de um imbecil agora muito orgulhoso - diante dos amigos, concede créditos - da beleza das filhas, com € q.b., que deixou de me falar, mas elas sabem os direitos que lhes assistem e os deveres que ele tem que cumprir; por mim, que se foda, mas que faça o que lhe compete, como tenho sempre feito).

    Tanto nojo, tanto, tanto.

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  4. Como as histórias se parecem. Pudesse eu também prescindia, mas não posso. Mas sabe, prefiro sempre estar do lado de cá, ter a vida que tenho, com todas as dificuldades, do que do lado de lá e fazer o que ele faz. Um desgraçado, no fundo.
    Boa semana para si!

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