domingo, 3 de maio de 2015

rouxinol


























[obrigada pelo comentário que não publiquei. ajuda-me a ver que as horas gastas não são gastas]

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só pode ser um rouxinol, diz-lhe o homem-terra, eles cantam de noite e de dia ninguém os vê, garante-lhe.
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longe de casa, não o ouviu cantar àquelas horas tão dele, mas, invariavelmente, às quatro e qualquer coisa da manhã, lá estava ela acordada, à espera que a luz entrasse pelas frestas das portadas, e parecesse decente ela andar, a pé, por aquela casa cheia de gente.
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todo o fim de semana choveu. ela senta-se no granito e deixa-se mergulhar naquele cair manso da chuva. ao fundo os montes de imensas árvores verdes onde se sentem, por entre os riachos e sombras, as almas de gentes e gentes que por ali passaram, e partiram, e estão.
a mulher fecha os olhos, inspira profundamente, expira lentamente, e no peito guarda o cheiro, o frio, a humidade, o som do ribeiro que corre e a persistente calma da chuva.












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