Aquele homem olha-a nos olhos e diz-lhe que escreva. Ele não
sabe de nada, não sabe daquela mania que ela tinha de despejar palavras que
deixava-a à deriva, à mercê de quem passasse. Ele não sabe de nada mas diz que
lê nos olhos, que tem acesso aos registos dela e diz que sabe que ela tem uma espécie
de diário. Ela recolhe-se e não lhe diz nada, aquela parte da vida é só dela.
Ele não sabe é que as palavras andam longe, que os amores
partiram e que os desamores esfumaram-se. Não tem pelo que escrever, a não ser
sobre esta busca constante por si própria, que tanto se aproxima como se afasta.
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