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conta-se que todos os dias o jardineiro de pessoas chega até à mulher que lavava o futuro na margem do rio. foi nas conversas com o jardineiro que a mulher deixou de tentar apagar nódoas num futuro que nunca iria existir. também a caixa onde guardava retalhos de acasos, começou a ficar cada vez mais tempo fechada. o passado e a aquela impossibilidade de futuro eram lentamente levados na correnteza das águas, e ela tentava caminhar no presente, como quem ensaia passos no limo escorregadio.
o jardineiro de pessoas chega até ela com o cheiro de todos os doentes que viu, de todos os moribundos a que assistiu e encontra nela o encanto da loucura e a leveza do riso.
a mulher do rio veste-se dela mesma e sente-se vista pela primeira vez, devagar, de cada vez que o jardineiro pousa os olhos no seu rosto, lentamente, e em concha, guarda a mão dela, nas suas.
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