a dor acabou naqueles 18 metros quadrados. do amor, vestiu-se a mulher borboleta quando decidiu partir no dia da festa do solstício de Verão, da colheita, da fartura e prosperidade. agora, a mulher borboleta segue guiada pela loba branca e ladeada pelas tribos que fizeram parte de todas as suas vidas. todos os animais de poder a vêem passar, todos os mestres a reverenciam. dos seus pés descalços, que pisam a terra macia enquanto caminha, solta-se pó prateado das fadas, e eu que o conto, eu o vi. para o caminho, pediu amor, alegria e flores.
mas tem-me faltado a alegria neste meu corpo dorido de tanta dor a que assistiu, nesta alma cansada de tão rendida. doí-me demais, e doo-me, ainda.
a mulher que tinha as asas tatuadas nas costas era resiliência, era lucidez, era luta, era dúvida, era frontalidade, era fragilidade, era determinação, era luz, era cura. era vida com vontade de viver.
queria eu que as palavras que escrevo me ajudassem a ver, que fossem alívio, que fossem descanso. mas não são. mesmo assim escrevo, sem conseguir enfeitar de meninices este texto, que devia ser de gratidão, e é, embora não pareça.