segunda-feira, 19 de março de 2018

longe









é quando regresso aos gestos simples de misturar, com as mãos, os ingredientes para fazer uma massa, que sinto a sua presença, depois de ter estado longe dele tanto tempo. 
[eu não vejo, eu intuo, dizia o homem que fala aquelas coisas estranhas e longínquas. eu também não o vejo, mas intuo-o, aqui.]
foi ao distanciar-me das coisas simples que me distanciei dele. os movimentos circulares e mecânicos do braço, a mão que transforma a matéria, gestos que me deixam a mente solta, os breves passeios à beira mar, sentir a maciez do sol na pele ou a malícia do vento no corpo. foi distanciando-me de mim que deixei de o sentir.
hoje ecoam-me na cabeça as palavras do homem-terra quando me dizia 'quanto mais enraizada estiveres, mais perto estarás da tua sabedoria ancestral'. hoje sinto que quanto mais perto estiver do que é simples, mais perto estarei dele.





















10 comentários:

  1. Respostas
    1. é tempo de dar lugar à primavera... nã?
      é bonita, sim

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    2. Dentro de mim ainda é inverno.

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    3. ontem estava a ler uma passagem sobre um dia escaldante e apesar de estarem zero graus senti calor...

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    4. saíste a correr em boxers pela rua fora...

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    5. nã há nada de surpreendente nos meus dias... lavar os dentes pode ser o ponto alto

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    6. Poderes lavar os dentes pode ser um ponto alto.

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    7. recordo-me de um tempo em que atravessar a garagem a pé, era um ponto alto, para mim :)

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