domingo, 28 de janeiro de 2018

caminhos























então o homem que varre a rua de terra amarela, bate com força, com a sua mão aberta, no centro do seu peito
quantas vezes têm que te dizer que é aqui, que é com o coração?
tinha ido perguntar-lhe sobre o tempo que lhe fugia. pedia-lhe ajuda num processo para o entender
tens que tratar o tempo com amor, e ele expande
enquanto o ouvia, lembrava-se da forma como falava com ele, com o tempo, em tom ameaçador
vê se me chegas! se não me foges, se me sobras
e o tempo fugia, assim que se distraía, como um gato na hora do banho
aprende com a criança a relação com o tempo. para as crianças o tempo chega sempre. repara na forma como elas mergulham no dia, inteiras, de coração aberto, e, quando fores falar com o senhor do tempo, leva a criança contigo. só ela o entenderá.
o homem não tira os olhos do chão, fala sem olhar quem ali chega, àquela terra em que os caminhos se fazem caminhando.









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