Agora, forasteiro, terá o corpo que perceber que os dias não
têm de ser uma batalha constante, uma corrida contra o tempo, um emudecer de
cansaço, um silenciar de vontades. Já que se dispôs a ouvir-me, digo-lhe que todos
estes anos, e olhe que já lá vão muitos, tenho acordado para uma contrariedade bem
justificada e acomodada, e agora, livre desse peso, o corpo desequilibra-se
desconhecendo o que fazer com a liberdade, como marinheiro que depois de meses
a bordo, pisa em terra firme.
Falta-me o lastro, forasteiro. Nem sei se me afogo, se
flutuo, se derivo. O corpo reclama em vagas, sem saber como ser leve.
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