quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

chuva

 





a chuva cai certa e morna. eu trago o cabelo descoberto e o rosto nu. é de noite e a rua está deserta. ninguém passeia o cão, ninguém regressa a casa, ninguém caminha.

a chuva cai mansa e abundante no meu rosto nu, penetra o meu cabelo e desliza pela pele, refrescando-me o cansaço dos olhos, brinca nas narinas e desenha sensualidade nos lábios que se abrem para a receber.

a chuva no meu rosto transporta-me ao tempo em que me banhava nua no mar morno e límpido. o corpo, habitualmente coberto, recebe os elementos com uma consciência mais nítida. o movimento da corrente na pele, a gota da chuva nos lábios, a brisa na pele, o prazer do calor do sol. o corpo todo em vertigem e a alma em gratidão.


 




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