sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

viagem







A mulher que lavava futuros nas margens do rio, agora vê o passado distorcido no reflexo do presente.
O rio corre lamacento num vómito de margens rumo às águas do mar. 
São agonias iguais, a da mulher e a das águas. 
A corrente precipita-se, alagando terras, galgando margens, cuspindo pedras. 
A mulher, desajeitadamente acerta o passo com ela mesma, num incessante traçar de trilhos que se esboroam de cada vez que levanta a guarda, de cada vez que repousa o olhar, noutro olhar. Naquele incessante caminho lodoso que ela percorre, vai percebendo que o destino é ela mesma, e que a viagem é a quietude.










2 comentários:

  1. Possam os rios correr mais cristalinos no ano vinte vinte, possam os trilhos ser mais fiáveis, mesmo quando nos atrevermos a sonhar...

    Abraço apertadinho, Ana :)
    🌹

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    1. E possamos manter a coragem de sonhar.
      Feliz Ano, Maria
      Outro abraço :)

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