quinta-feira, 24 de maio de 2018

rafeira








é gaja
murmuro falando sozinha
a porcaria das gajas
penso, sem dizê-lo em voz alta para não lhes rogar praga, e porque o termo é feio, mas espelha com precisão o que sinto
fazem deles gato-sapato, viram a cabeça do avesso, ridicularizam, desvalorizam, gozam. se lhes sai uma rafeira na rifa, eles caem que nem uns patos e andam a penar, a chorar baba e ranho. 
os homens são uns frangalhos, um jogo nas mãos delas. a porcaria dos instintos, básicos, a necessidade do corpo a enublar-lhes a capacidade de raciocinar.
conto-lhes cinco dias. cinco dias com o coração fora do peito. cinco dias enclausurados. cinco dias calada. cinco dias vigilante. 
e passa.
recolho o coração, desfaço a vigília, mantenho a atenção e cuido da minha ferida que secou, aberta, há tanto tempo. 










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