domingo, 29 de abril de 2018

potinho








o homem faz-se à estrada. primeiro, acendeu-se uma luz vermelha no tablier do carro e teve que voltar a casa, depois foi o trânsito infernal de sábado, de seguida, o benfica começou a perder com o tondela, e em vez de ficar em casa a beber vários gins enquanto assiste ao jogo, chega até mim ao final de mais de seis meses bem contados. 
apesar de tudo, ele ainda espera. 
enquanto, silenciosamente, tento justificar a minha indiferença com o potinho aromatizante que balança no retrovisor, procuro perceber o que é que eu vejo de mim nele, que me enerva tanto. 
[ele irrita-te?
perguntaria o homem-terra
então diz-me, que parte de ti, tu vês nele, que não queres reconhecer?]
e é tudo. esta aceitação de tudo. 








6 comentários:

  1. Respostas
    1. Um potinho de vidro transparente com um líquido que ondula com o movimento do carro e que liberta um aroma enjoativo. Achas que é premonitório?

      Eliminar
    2. se nã cheira bem, nã é de esperar grande coisa :)

      Eliminar
    3. ah...faltando a d. fernanda, passarás a ser o meu oráculo...

      Eliminar
    4. nã, nã... isso é demasiado perigoso... já aconteceu antes e o resultado foi catastrófico... usa a tua intuição, os teus sentidos, eles são mais apurados que trinta ciganos juntos...

      Eliminar
    5. está tudo desapurado, colou-se ao tacho, virou torresmo. sobram-me os haikus da pirata e as sortes do cigano.

      Eliminar