domingo, 18 de março de 2018

escultura







de repente a mulher tinha que encaixar no seu abraço os largos ombros do homem grande que procurava o seu abrigo, ali, deitado ao seu lado, feito menino outra vez, com os olhos alagados por lágrimas, recusando ver o seu centro, a sua essência.  a mulher dizia-lhe que se ele não sabia o que queria, que se fosse desviando do que não queria, lembrando o escultor que lhe falava que o trabalho que fazia, fazia-o por subtração até encontrar a forma que trazia consigo.
então, dou comigo a tentar imaginar que forma tomaria a minha vida se eu lhe subtraísse tudo o que está em excesso, tudo o que não quero, o que não gosto, o que me esgota.







6 comentários:

  1. Respostas
    1. parece-me que só podia ser bom...
      (não pares a chuva)

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    2. mas era impossível subtrair tudo isso, nã? ou acabarias por subtrair pessoas ou sentimentos...

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    3. ainda ando a pensar nisso...não sei...

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    4. podia ter subtraído o dia de hoje, por exemplo... mas e amanhã, continuava a ser quinta?

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  2. Não vais subtrair a pedra à escultura.

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