segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

petits gateaux











a verdade, doutor, é que não me reconheço. de vez em quando desperta em mim uma zanga, uma raiva, quase que uma inveja que não é minha. apetece-me abaná-los, sabe? cuspir-lhes a minha verdade na cara, a minha dor, o meu sentimento, a minha carne viva, o meu anseio. exigir que me vejam, que me ouçam, que me respondam, que me respeitem. e esta força está a crescer dentro de mim. como agora, reparou? perguntam-me se lhes vendo petits gateaux, e apetece-me espetar-lhes com eles pela cabeça abaixo. eu não sou assim, doutor. eu não era. caramba, doutor, que me respeitem.














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