terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

acaso























tudo acontece por acaso. a jovem mulher escolhe o seu lugar na roda, senta-se ao meu lado, e homem-terra diz-me
(...) e tenta perceber o que ela precisa
tudo por acaso. nada mais do que coincidências.
invento confiança no meu peito, afago-a nas minhas mãos, e, com elas em concha, sopro-a com lentidão e fôlego, no peito vazio dela, da mulher deitada em frente a mim. depois falo-lhe da sua falta, do coração que se fecha, da alegria que se vai, do amor que não reconhecemos, do amor que não nos permitimos, da armadura fria, da vida que se mecaniza.
não deixes que isso te aconteça. confia na vida, arrisca-te a viver.
e as palavras soltam-se de mim com uma súplica para que eu as ouça. eu olho para a mulher que me ouve com os olhos desfeitos em lágrimas, e desejo não estar ali, a falar o que preciso de ouvir, a sentir a dor dela, a ver a vida secar.









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