segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

dona fernanda serena








a dona fernanda passa aqui. vem na esperança de que lhe arranje bolinhas que dão energia para que a ajudem a arrancar esta segunda-feira, que, diz, nascer de parto forçado, e arrancada a ferros. 
quando olho para ela, parece-me que perdeu brilho, perdeu aquela magia que lhe vinha de paixão inconfessada, ou apenas a mim levemente revelada. agora, dona fernanda traz roupagem de uma serenidade que lhe vem de se conformar, aquela serenidade falsa da raposa que não consegue chegar ao cacho de uvas. digo eu, que sou má língua, ou talvez inveje a forma como a dona fernanda se entendeu com ela mesma. 
parece-me que é a inconstância, a montanha russa de emoções, o querer e não ter, o afogueamento de pensamentos, a saudade do que não foi, a memória da falta no corpo, que fazia com que a dona fernanda tivesse o encanto do verão fora de época, um dia azul com a temperatura no vigésimo segundo grau em pleno inverno, ondas perfeitas de verão. agora a dona fernanda, é toda ela certinha, chuva mansa na estação dela, céu azul metálico na estação dele, sem escrita que inspire.










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