segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

chá de camomila





- sabe, tenho mais confiança naquele, ausente, que não vejo, nem ouço, nem leio, do que neste que todos os dias me faz juras de amor e está sempre presente
a dona fernanda veio tomar um café, bem cedo, pelo frio da manhã, e conta-me de si
- pense bem, vizinha
digo-lhe, ainda com um pé do lado de lá do sono
- ah... tanto tempo para sentir a intuição, e agora hei-de rejeitá-la?
enquanto aqueço as mãos na minha chávena de chá de camomila, penso enternecidamente na minha vizinha, não consigo evitar. cada passo que ela dá, cada charco, e continua, encharcada, enlameada, enregelada, amalgamada. 











4 comentários:

  1. ainda bem que é de camomila.
    se fosse cidreira, dizia-te que não, Ana.

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  2. Confiamos sempre mais naqueles que queremos confiar. É uma cegueira que molda o olhar sem querermos saber que o faz, acho que muitas vezes é isso...

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