- então há lá outra maneira de estar, andré? claro que estou.
respondo, à moda de um dos rapazes
- hmm... olhe que não me parece...
- estou sim, andré. estou é a disfarçar...
tento eu brincar
todos os dias passo pelo talho uns breves minutos. apenas o tempo de pegar nas compras, pagar, e trocar duas ou três frases, reclamar desta ou daquela coisa, recomendar que não me mandem coxas pequenas, senão devolvo, devolvo tudo sem pele, esquartejado e tudo.
mas os minutos que lá passo diariamente, devem bastar para que me conheçam o brilho do olhar, a maneira de me movimentar, a forma como piso o chão, a entoação da minha voz, a reclamação por fazer, a forma como pego nos sacos
'-hmm... olhe que não parece...' e faz-me sentir amparada. mesmo que não admita, ali, no meio dos cadáveres desmembrados, o que me tolhe por dentro, sinto-me acolhida, reconhecida. e isso, hoje, pareceu-me bom.
e isso é bom: é a tua vida, a daqueles que te vendem e a dos que te compram :)*
ResponderEliminarp.s. - quem me dera fazer o que fazes, mas com a terra, as plantas, as unhas sujas, feridas, cicatrizes :)
ResponderEliminarp.p.s. - eu sei que tu sabes das cicatrizes, mas das boas :)*
:)
ResponderEliminarEu faço tantas coisas, alex :) e de tudo, gostaria mesmo de trabalhar com as mãos na terra, que é o que não faço :)
Isso é bom. E não é só hoje, é todos os dias. É sempre bom sentirmo-nos amparados :)
ResponderEliminarBoa noit D. ana
bom dia, dona Maria! :)
EliminarIntervenções que nos embalam inesperadamente. Tão bom!
ResponderEliminarbom dia, Vânia :)
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