- não sentes?
respondi, não respondendo.
Mas eu cheguei aí a ti, já com um querer que tinha crescido,
que se tinha conformado, que tinha mirrado e que crescera outra vez. Tu dizias,
‘vamos conhecendo e vamos gostando’, eu já gostava, há muito. Tu vivias
gerúndios, e eu, imperativos. Desejei-te tanto, que o meu corpo tornou a
queixar-se. Eu acho que nos desencontramos nesse querer do corpo.
Depois, vinham os rótulos. Namoras, é teu namorado, és a
namorada dele. E eu, que queria era caminhar a teu lado, e assustava-me com os
rótulos, dizia ‘não sei’, ‘estamos a ver se nos acertamos’, disse aos poucos
que me perguntaram. E nessa tentativa de acerto, desacertamo-nos. A merda dos
rótulos. Tu querias um rótulo. Comecei a perceber que se media o tempo por fora em vez de ser por
dentro. A distância entre o momento em que estávamos juntos e o seguinte,
começou a constar do calendário. Dias, semanas, e aquilo de ‘estarmos juntos’ passou a ser medido por números, conceitos criados pelos outros, em vez de ser a magia, o invisivel que nos unia, pois isto do querer toma a forma do peito de cada um e eu podia sentir-te tão perto apesar de tão longe na minha forma de não medir as distâncias que tu nunca entendeste. E mais uma vez assustei-me. E a gente assusta-se tantas vezes que depois não volta. E nunca mais voltei ao tempo antes do desacerto.
tu escreves tão bem, ana.
ResponderEliminaroh...obrigada, mas não...faltam-me metáforas, adorava saber empregar figuras de estilo, e não sei...
Eliminarbeijo, Susana :)
ufa, agora juro que me assustei...
ResponderEliminar(um dia explico.)
beijo*
Sou assustadora... :)
Eliminar(aguardo. Mesmo:))
Beijinho*