domingo, 18 de junho de 2017

um medo diferente











então a mulher que pensava que não conseguia viver no passado, caminhava arrastando um cesto de trastes pegajosos de que não se conseguia livrar. a alma implorava liberdade mas ela agarrara-se de tal forma àquela espécie de princípios, àquele aglomerado de crenças, àquele quere-lo a ele sem ser por ele querida, à concha que o seu corpo modelou no rame-rame das horas, ao cómodo acomodar na sua vida, ao sufocar os desejos para o sereno consumir do tempo e ao cansaço que lhe assegurava a continuidade dos dias, que agora que o burburinho tomara conta da luz que dos seus poros exalava, tinha medo, um medo diferente, um medo da liberdade, da possibilidade, do espaço todo para além de si. 






















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