sábado, 17 de junho de 2017

temperatura









a mulher na mesa do café confidencia à amiga sobre os ímpetos do corpo, 'tão fora de horas', suspira-lhe. a amiga ri, diz que é do calor, que assim como puxa às plantas, a flor, arranca dela também as vontades. a outra suspira, não tem a quem direccionar o desejo, ao que parece, o homem anda embarcadiço no mar, enredado noutras redes. enquanto eu tomo o meu 'tipo' café, penso nos rodopios do corpo, no desfasamento das idades, nos desencontros das gentes, e pergunto-me se não será a impossibilidade que alimenta o desejo, ou se será do calor.










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