sábado, 25 de março de 2017

vazio








diz-me:
a minha vida era mais bonita porque ele estava nela. em tudo. passo a passo. ele estava em todo o lado. estava ao acordar, no nascer do dia, no sol, na chuva, num prato de salada, num café 'tipo' café, num poema, numa prosa, numa música, num sufoco, na pele, na pele, na pele, numa alegria, ah, numa alegria eu corria para contar-lhe, no íntimo, no riso, no humor, no mar, em todos tons de azul e nos prateados também, no mar, todas as marés eu enviava-lhe, nos sonhos a dormir e nos sonhos acordados, na ausência, na presença sempre presente, no corpo, na minha alma.
um dia, por um simples acaso. sim, um mero acaso... 
olhe, a minha vida era mais bonita por causa dele, em vez de ser por causa de mim, e agora tenho que deixar crescer a minha pele na ferida da minha vida.
não sei se entende...
ah, não. fui eu, os acasos gritaram tão alto...
saudade? dói-me tudo. o corpo, o tempo, os espaços vazios dentro de mim. o que é do mar se não lho mostrar? vê esta fotografia que tirei hoje? aqui está. para quê?
voltar? não. o caminho agora traz-me para mim. mais uma vez para dentro de mim.









6 comentários:

  1. Eles não merecem, muitas vezes (fico tentada a escrever "nunca") estes vazios. Quando eles partem, para não sentirmos o vazio, devemos ir com urgência à arrecadação buscar bocados de nós que reservámos para quando parecer haver espaço a mais dentro.

    Bom domingo (com menos uma hora de sono), ana.
    Bj

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  2. nã serão piores os vazios que desconhecemos se haverá alguém que os consiga preencher?

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  3. ele devem ter o lugar de fora, nunca o de dentro, deep, parece-me...:)
    só agora é que começo a não sentir esta hora que nos roubam...
    bom domingo, deep. está um tempo daqueles :)

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  4. e depois, quando o alguém deixa de estar?
    hein, hury?

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  5. Reaprender a viver ana, preenchendo os vazios de dentro para fora e não ao contrário. É fácil falar não é? Abraço.

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  6. a teoria sabemo-la toda, Maria. pois é?
    :)
    abraço

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