quinta-feira, 9 de março de 2017

mal de falta de mar












era um mal de falta de mar. começava a minguar-lhe o interior. desvanecia-se a imaginação, ia-se-lhe o sentimento, apagava-se a alegria, faltavam-lhe as palavras, estremecia o amor por ele, guardado no coração que mirrava. o olhar perdia-se no azul monótono do céu e o corpo deixava de bambolear ao som das músicas que falavam de óxum e de iemanjá. muito raramente, pegava no ouriço que ainda trazia algas secas coladas à carapaça e inspirava profundamente, passava a mão pelas conchas e tentava lembrar das voltas que a vida dera para que lhe faltasse a areia nos pés, os salpicos no rosto, a maresia no sangue. perdera-se de si.











6 comentários:

  1. Ana do mar :)
    Padeço desse mal por vezes. Inspirar bem fundo e expirar inúmeras vezes ajuda. Ver o mar também :) Beijinho

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  2. o mar acalma a alma. o amar rebela-a ...

    :)

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  3. tenho que optar pela segunda hipótese, Maria :)
    boa sexta!

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