quinta-feira, 23 de março de 2017

do dia








como que anunciando o dia, primeiro veio o frio, depois o coração descompassado, depois disse 'sou boa nisso, a desistir', de seguida o puzzle que não conseguia montar, caiu, colocando, ao embater no chão, as peças todas no seu devido lugar. e desistiu sem ninguém perceber. colocou a travessa de lentilhas na mesa, o arroz carolino, como eles gostam, as empadas, e sorriu ao reparar que eles preferiam as lentilhas, pródigas, como as baptizara. a vida continuaria igual, com sorte, mais leve. despe-se, demora-se no corpo que pede todas as formas de repouso, lê as folhas que tem coladas na parede da casa de banho - os cinco principios de reiki, a oração indiana, e os quatro compromissos - e debaixo da água do duche agradece tudo o que o dia lhe trouxe, e tudo aquilo que lhe tirou. é tão mais fácil e rápido destruir do que construir, que aprendeu a lentidão de estar, o ritmo de ser. no fundo há muito ansiava por aquele momento, todos os passos conduziam para a leveza, a liberdade, a solitudine.










6 comentários:

  1. é mais fácil desistir que persistir... mas nem sempre é o que fazemos, embora naquele momento, é o que julgamos.

    ResponderEliminar
  2. Eu não gosto de desistir e mesmo quando estou quase, volto sempre a tentar de novo. Sinto frustração muitas vezes

    ResponderEliminar
  3. são muito poucas as coisas de que não abro mão, Maria.

    ResponderEliminar
  4. eu mando tudo para trás das costas, e digo palavrões e tudo...menos ao domingo que é dia santo :)

    ResponderEliminar