quinta-feira, 16 de março de 2017

ajantarando








já passava da meia noite quando tive que as expulsar para fora de minha casa. trabalho, levanto-me cedo, enquanto elas ficam em casa e têm uma vida confortável, amparadas pelos maridos. mas quando se trata de nos juntarmos, de ajantararmos, é em minha casa, que a delas não se pode desarrumar. nestas ocasiões rimos de tal forma que no dia seguinte, hoje, neste caso, dói-me o corpo todo de tanto chocalhar ao ritmo das gargalhadas. quando penso do que nos rimos, concluo sempre que nos rimos de nós mesmas, do envelhecer, das batalhas inglórias, dos cansaços e das falhas do corpo, da falta de libido que a idade traz a umas, e da libido que sobra aos maridos delas, das artimanhas para escapar à intimidade, ou do prazer fingido. 'foi bom para ti môr? foi, muito bom môr (até que enfim...)', encena uma, enquanto nos rimos e o meu filho assiste espantado. que tem barbela, lamenta-se enquanto a outra diz que vai fazer uma montagem de um pelicano com o rosto da queixosa, e colocar no facebook, mas a quem ameaça crescem-lhe as rugas e caem-lhe as bochechas. 

elas saíram daqui a reclamar no elevador, enquanto não paravam de rir. teriam ficado até às duas ou três da manhã a agredirem-se com pavlova e a beber sangria.

não é a alegria que nos faz rir, é o ridículo. embora seja salutar por ser terapêutico, é efémero. e dou comigo a pensar que a alegria é, na maior parte das vezes, silenciosa, é um bem estar na vida, um optimismo, é um brilho que emana e contagia.










8 comentários:

  1. Além de tudo o mais, esta estação arrasta uma boa disposição inigualável... inclusivamente nos "toppings" que a natureza começa a oferecer às pavlovas... e sangrias...

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  2. toppings de chantilly, framboesas e maracujá :)

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  3. o que eu gosto de pavlovas... e de jantares assim...

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  4. também eu...
    está aqui a receita: http://modos-de-olhar.blogspot.pt/search?q=pavlova
    :)

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  5. Esse repasto para divinamente terapêutico :)

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  6. já te disse que a pavlova foi inventada em minha honra?

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  7. tudo aquilo era terapia, conta corrente :)

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