domingo, 26 de fevereiro de 2017

poema











- dá-me tanta satisfação ver-te esticar o braço para tirares as tangerinas do saco. - disse sorrindo um sorriso raro, o homem seco e fechado.
- deve ser por isso que pões o saco longe de mim. - respondi-lhe rindo.
eu não lhe disse, mas aquelas palavras, as dele, formaram um poema.
pergunto-me o que é que faz com que um homem sofrido, insone, professor de matemática, fazer 250 quilómetros para estar sentado no chão horas a fio, numa prática espiritual que não consegue acompanhar, num esforço enorme para entender.
chega, só, com a mochila cheia de laranjas e tangerinas e vai embora, só, com a mochila vazia. diz que agora teremos que esperar pelo tempo das cerejas.












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