sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017





















eu sei que ele deve andar atarefado a distribuir ventanias e enxurradas por essa terra afora. constou-me até, que decidiu atirar as tempestades sem seguir critério nenhum. aqui a borrasca instalou-se e pintou tudo de cinzento - o mar, o rio, o céu e o olhar da maior parte das pessoas (eu escapei). os pardais estão todos molhados e andam na pontinha das patas, todos arrepiados; (ponto e virgula, é aqui?) vale-lhes a aveia que têm garantida aqui na varanda; (aqui também?) já os ninhos, não sei como se aguentam sem cair,  ou caem? o mar levou todas as conchas; (outro) sobram uma lapas e uns beijinhos numa taça que aqui tenho e me lembra da maresia que no verão entra por todo o lado.

ele desapareceu. dos bolsos descosidos caíram-lhe as tempestades, por onde ele passou, e agora é este desgoverno todo. mas o que se passa é que eu continuo a acordar com aqueles sonhos que não me largam, a meio da noite, e não consigo imaginar (nem quero) o dia em que o universo vai ser engolido pelo tal buraco. 

preciso que ele deixe histórias por aí, para que eu possa tornar a adormecer, preciso que me roubem estrelas quando estou distraída a contar grãos de areia, preciso de encontrar poesia em polvos escondidos atrás dos pescoços, preciso de ouvir dos desamores dele para poder achar o meu também real. preciso pra lá de muito.











12 comentários:

  1. Ana que texto maravilhoso...
    fiquei entupida e pequenina :)

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  2. oh, Laura...tu és tão, mas tão enorme...
    obrigada :)

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  3. tão bonito, ana :)

    o Trovoadas merece :)

    beijinhos

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  4. Tu és linda e o "nosso" Stormy também!

    Beijos, ana :)

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  5. nem sei porque me dou ao trabalho... tinha ali um texto no caderno, mas tu já disseste tudo o que podia ser dito.

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  6. deixaste-me estas noites todas com pesadelos e sozinha...

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  7. só se só roubares estrelas quando eu estiver a ver, para que eu me ria :)

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  8. combinado :)
    mas queres ainda mais relâmpagos?

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  9. sim, ao final do dia.
    nem os vi, esta noite. só percebi quando vi o relógio a piscar...

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