quando me dizem que aquela mulher vai estar presente, praguejo para dentro, não gosto dela, não gosto dos seus modos, da presença, a minha energia não se dá com a dela, como já tenho ouvido dizer. não me apetece partilhar o mesmo espaço, o mesmo ar, a minha opinião com ela. então, observando-a enquanto fala, naquele jeito que ela tem de olhar enviesado, de abanar os caracóis engraxados de preto, com os lábios encarnados de baton, bolero preto e mini-saia rosa choque, trejeitos de mãos com a esferográfica a rodopiar, palavras atiradas com pressa, como quem quer falar mas não quer ser ouvida, enquanto tudo isso, fico a pensar o que é que naquela mulher me irrita tanto e ao mesmo tempo me espelha, o que é que vejo nela que não gosto em mim. então, lentamente percebo que ambas vestimos uma máscara para nos protegermos, e, lentamente, a minha aversão perde força, e, também lentamente, a compaixão ocupa espaço, mais por mim do que por ela.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
máscaras
quando me dizem que aquela mulher vai estar presente, praguejo para dentro, não gosto dela, não gosto dos seus modos, da presença, a minha energia não se dá com a dela, como já tenho ouvido dizer. não me apetece partilhar o mesmo espaço, o mesmo ar, a minha opinião com ela. então, observando-a enquanto fala, naquele jeito que ela tem de olhar enviesado, de abanar os caracóis engraxados de preto, com os lábios encarnados de baton, bolero preto e mini-saia rosa choque, trejeitos de mãos com a esferográfica a rodopiar, palavras atiradas com pressa, como quem quer falar mas não quer ser ouvida, enquanto tudo isso, fico a pensar o que é que naquela mulher me irrita tanto e ao mesmo tempo me espelha, o que é que vejo nela que não gosto em mim. então, lentamente percebo que ambas vestimos uma máscara para nos protegermos, e, lentamente, a minha aversão perde força, e, também lentamente, a compaixão ocupa espaço, mais por mim do que por ela.
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Todos, em algum momento, usamos uma máscara. Se calhar o melhor momento é quando nos conseguimos libertar dela.
ResponderEliminarÉ isso mesmo, a compaixão...
ResponderEliminarUm beijinho :)
o melhor mesmo, Luísa, é poder viver sem elas :)
ResponderEliminarprimeiro, por nós mesmos, Miss. tu sabes...
ResponderEliminarbeijinho :)
É verdade, todos, em certos momentos, usamos máscara, ana. Para nos protegermos, para, consciente ou inconscientemente, parecermos quem não somos. Também é certo que, muitas vezes, "odiamos" aqueles que, em certa medida, nos espelham. Deagrada-nos neles aquilo que vemos em nós e nos desagrada. Mas não acredito que seja sempre verdade. Há pessoas que nos irritam porque sim... :)
ResponderEliminarBeijo
Hmmm, deepLuisa...ando a estudar isso :)
EliminarBeijo e bom carnaval.
também me acontece isto às vezes.
ResponderEliminarfico pequenina e apetece-me fugir para dentro de um buraco de uma parede.
Invisibilizar-me, Laura...
EliminarAs máscaras são males necessários ana, ou até não, protegem-nos :)
ResponderEliminarnão devia ser, Maria...
ResponderEliminarnem me lembrei que era carnaval... uma máscara dava jeito, evitava o transito parado, as moças magoadas pelo passeio...
ResponderEliminarEu já te disse...
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