quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

dona fernanda







e então a dona fernanda bate-me à porta no pior dos dias da sua longa ausência. é a gripe que lhe abre a porta, mas ela não se assusta. acho que nem reparou.
sentou-se no sofá, estendeu as pernas para o puff e ficou calada, enquanto eu tossia e me assoava. eu, calada fiquei, só a gripe falava invocando impedimentos.
lá fora também a chuva falava e a capela tinha o branco marejado de água.
nestes dias longe daqui, a dona fernanda esvaziou o coração e ficou com ele cheio de inaconteceres, os olhos repletos de imagens que não viu e na pele o intocar do sonho. 












7 comentários:

  1. queres que te mande a minha Maria da Luz, Ana?
    Às vezes traz marmelada, maçãs bravo e silêncios que não entendo nas mulheres.

    beijo, bom fds

    ResponderEliminar
  2. diz-lhe que se a visse, lhe abria as portas de par em par...

    ResponderEliminar
  3. e ela enchia a tua casa com aquele vazio tão triste, que até a capela chorava...

    ResponderEliminar
  4. manda, Laura. gosto de maçãs bravo de esmolfo e de silêncios. ela pode trazer à vontade :)

    bom fim de semana!

    ResponderEliminar
  5. nã se enche de vazio o que já está cheio dele...

    ResponderEliminar