terça-feira, 15 de novembro de 2016

nada de nada


























a mulher chegava a duvidar se vivia. esquecia-se. esquecia compromissos, marcações, nomes, caras. esquecia sofrimentos, alegrias, amores, desilusões. não sabia para onde ia tudo aquilo que esquecia. não sabia onde estava quando esquecia. a mulher também não pensava no futuro. não fazia planos, não ambicionava, não descontava para a reforma, não pensava na velhice nem na solidão. do presente sabia o que o corpo lhe dizia, o cansaço, o sono, a alegria, o frio, os olhos postos no mar, a vontade cada vez mais ténue. 
e depois havia ele, ele, que ela não conhecia, ele, que ela não queria esquecer, ele que era o espelho da sua vida, sem passado, sem futuro, só o olhar liquido do mar, a leveza do vento, as sensações do corpo, a impermanência de tudo.












10 comentários:

  1. nã saber para onde vai aquilo que esquecemos... nunca pensei nisso, mas nã te preocupes, acredito que as memórias importantes são como as aves migradoras :) elas voltam

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  2. Cada vez mais desenvolvo essa, a meu ver capacidade, de me esquecer.

    Se calhar é surdez selectiva.

    Preciso. Mesmo.

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  3. tens uma forma de estar apaixonada que é, simplesmente, absoluta (impossível, até para uma pedra quase imóvel, como eu, não derreter :)

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  4. achas? corre-se o risco de apanhar com uma memória na cara, quando menos se conta?...
    está sol, Hurican...tem algum jeito, isto?

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  5. em doses moderadas, é muito bom conta corrente...:)
    bom dia!

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  6. alex dear, não estou apaixonada. deus me salve e guarde :)

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  7. sim... acho possível, já engoli uma acidentalmente...
    pensei que ias mandar algo doce para em troca te enviar chuva... ainda estou à espera :)

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  8. e custou-te a engolir? engasgaste-te?

    doce, doce...hmmm... vou pensar...

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  9. claro que nã, estava de boca escancarada e foi tão rápida que nem me dei conta...

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  10. já me tem calhado ficar engasgada com memórias... tiveste sorte, pode-se até sufocar...

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