quarta-feira, 30 de novembro de 2016

a borbulha























a mulher que tinha uma borbulha na coxa, acordou com uma alegria que lhe vinha da certeza de poder mudar. mudar de trabalho, mudar de rotina, mudar de prisão, mudar de humor, mudar de telhado. a mulher que tinha uma borbulha na coxa saiu de casa levada por aquela liberdade de poder regressar com uma vida diferente.
a mulher que tinha uma borbulha na coxa deixou-se levar pelo vento que tinha vindo para soltar as folhas vermelhas das árvores, e voou com elas, e pintou as nuvens de azul, e fingiu ser uma ave, e voou rasante ao mar e sentiu os salpicos no corpo e as penas que a cobriam eram apenas penas que a cobriam.
quando finalmente as árvores estavam nuas de folhas vermelhas, a mulher que tinha uma borbulha na coxa lembrou-se que não podia coçar a borbulha, e regressou, à vida que não tinha mudado, mas que podia mudar. como o vento.









5 comentários:

  1. um pedaço de mentira, acredita, ana, querida... :)

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  2. Tantas vezes que podemos mudar a nossa vida e não o fazemos. Há-de chegar o dia ana. Beijinho

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  3. há coisas em que eu recuso acreditar, alex dear :)

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  4. importante, é saber que podemos, Maria. o resto virá.
    bom feriado!
    beijo

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  5. acreditar que é possível, é aumentar a probabilidade :)
    gosto do que fazes com o vento

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