segunda-feira, 3 de outubro de 2016

ditados populares













nunca sei porque penso no que penso no momento em que acordo e em que ainda o meu corpo dorme. mas hoje lembrei-me do professor de desenho e director de turma, há quatro anos atrás. naquele ano eu ia quase semanalmente à escola, de tão preocupada que andava com a desorientação de um dos rapazes. fui sempre bem recebida e ajudada pelo professor, mas lembro-me de ter ficado chocada quando, ele comentou, sobre uma das alunas, que ela não gostava dele e que ele não se preocupava com isso. a rapariga não tinha que gostar dele, nem ele dela, dizia o professor, ele estava ali para ensinar, não para gostar dos alunos ou para eles gostarem dele. não comentei, mas fiquei impressionada com a frieza do que ele me dizia. eu gostava dele e estava grata pela ajuda que me dava. o meu filho também gostava e valorizava todas as criticas que ele lhe fazia. mas eu também acreditava que era 'preciso' os alunos gostarem dos professores para que a aprendizagem fosse proveitosa.

hoje, e eu sou de raciocínio lento, já sabem, nesta minha caminhada que são os dias uns atrás dos outros, em que tenho encontrado mestres que me mostram vários caminhos espirituais, dou comigo a pensar no professor de desenho e a entendê-lo. tenho lutado comigo mesma para separar a empatia ou simpatia, dos ensinamentos, tenho mesmo admitido que o que ensinam não corresponda à atitude que têm na vida. são pessoas, são frágeis, têm por vezes vaidade e presunção em abundância, ambição desmedida, no entanto isso não invalida a capacidade de ensinar. cabe-me a mim, neste caso, que de mim falo, reconhecer a lição a aprender, e aprender.

faz-me agora todo o sentido o ditado 'muito prega o frei tomás, olhem só ao que ele diz e não ao que ele faz'. sem dúvida, o que ele faz não invalida que o que ele diz esteja correcto.













8 comentários:

  1. é verdade, o que te disse esse professor, e podes transportar o que te disse para outros relacionamentos, como os que se dão em contexto laboral (há anos que me acontece e não deixo de dar o meu melhor, recusando 'enturmar' de forma adolescente nas horinhas do lanche, nas idas ao w.c., nos cafézinhos fora de borda: conheces aquele ditado do conhaque? é que oenvolvimento consegue dar cabo de tudo, em tantas circunstâncias e, mesmo que exista, deverá ser devidamente controlado e, até, obnubilado pelo que verdadeiramente importa, ali e naquele momento :)

    ResponderEliminar
  2. ana, todos ficamos incomodados quando percebemos que alguém não gosta de nós, mas a verdade, para usar outro ditado, é que "não podemos agradar a Gregos e Troianos". Com o tempo, talvez não estejamos menos frios, mas mais conformados com o que não podemos mudar. (Lembrei-me de José Gomes Ferreira: «Mas não queiram convencer os cardos/ a transformar os espinhos/ em rosas e canções.»)

    Boa semana. Beijo

    ResponderEliminar
  3. Sou professora há 22 anos e encaro o trabalho como isso mesmo um trabalho. Claro que é muito mais agradável se os miúdos gostarem de mim e eu deles todos. Confesso que não sou capaz de simpatizar com todos, sou humana. Contudo não deixo de fazer o meu trabalho da melhor forma que consigo. Costumo dizer aos miúdos que não sou mãe deles, nem tão pouco sou amiga deles, sou professora deles, que a amizade a acontecer é algo que virá muito depois quando "eles" já não forem meus alunos. Pode parecer um pouco cru mas eu estou convicta que é o que tem que ser. Acredito que um professor não deixa de estar lá para ajudar e na maior parte das vezes envolve-se imenso com os miúdos. Faz parte :)
    Já agora um professor de educação visual pode a chegar a ter umas oito turmas, cada uma com uns 30 alunos, ficar a pensar nos miúdos que não "gostam" dele deve ser profundamente esgotante. É uma questão de sobrevivência:)

    Beijinhos ana :)

    ResponderEliminar
  4. pois é alexandra. eu é que sou muito 'totó', e achava essencial, naquela faixa etária dos 15/16 anos, os alunos serem cativados por quem os ensina, para melhor aprenderem. muitas vezes um professor muda o rumo da vida de um jovem. há um texto muito bom do Nuno Lobo Antunes sobre isso.

    boa semana para ti! beijinho

    ResponderEliminar
  5. isso é verdade, deepLuisa. amadurecer conforma-nos :)
    como diz aquele poema 'a gente se acostuma, mas não devia'... :)

    beijinho

    ResponderEliminar
  6. eu entendo, vizinha. eu é que via as coisas de outra maneira. sempre achei que o acto de ensinar e de aprender, trazia implícito uma troca de amor. a tal 'totozice' crónica :)
    ah...este era um professor de desenho do secundário e a turma tinha 15 alunos. o homem modificou a vida do meu filho. sem dúvida :)

    beijinhos, vizinha :)

    ResponderEliminar
  7. ana:

    É bem melhor acredita quando há um bom ambiente em sala de aula e há uma empatia grande entre professor e alunos. Contudo nem sempre é possível. Há professores complicados, há alunos complicados. Todos são humanos, com as suas falhas e os seus defeitos. Tenta-se e deve-se fazer o nosso melhor :) só isso :)

    ResponderEliminar