sábado, 20 de agosto de 2016

portas










o facto é que ela fecha portas atrás de si e nunca volta aos lugares que lhe doeram. há locais que nos deixam marcas no corpo e na alma, povoados por pessoas que cortam, que permitimos que nos retalhem. então, depois de ferida, bate a porta numa viagem sem regresso. e começa de novo.

agora, a vida leva-a de volta ao passado e aponta-lhe o dedo às feridas. coloca palavras na boca dos outros, veste atitudes rudes em corpos pacíficos,  transporta-lhe o pensamento para locais esquecidos, e mostra-lhe o que ela não quis ver, e diz-lhe que abra as portas, volte àquele tempo, reconheça as feridas e converse com elas, que as acarinhe.

depois, poderá continuar o caminho.














4 comentários:

  1. talvez nunca tenha fechado portas, simplesmente esqueço os números...

    ResponderEliminar
  2. eu fechei portas, mas ficaram lá monstros a reproduzirem-se...

    ResponderEliminar
  3. monstros atrás de portas são um aborrecimento, principalmente quando abrem para dentro...

    ResponderEliminar