sexta-feira, 29 de julho de 2016

só hoje






















dentro do peito tenho placas tectónicas que se deslocam empurradas por uma vontade que eu me nego. provocam sismos no meu corpo que treme, e tsunamis na orla costeira das minhas emoções. à mais pequena palavra tua desfaço-me em ondas que alagam e varrem todos os portos de abrigo que construí ao longo de várias vidas.
hoje, não há maresia que me encante, não há brisa fresca que me serene, não há cantares de passarinhos que me transportem. nem mesmo a generosidade das violetas que se desdobram em flores, aqui do meu lado direito.
deixo o meu corpo cair no sofá. o limite das forças é uma linha tão ténue, que qualquer resistência, pode quebrá-la.
encomendo-me a eles, sabendo que também eles me dão prazos, sabendo que devo reconhecer e aceitar os meus limites, e, no entanto, continuo, empurrando cada minuto, com a alma cheia de preces.
acendo uma vela, a do costume, tu sabes. e espero o milagre de todos os dias.


(pois é, a caixa de comentários fechou-se, só hoje)