segunda-feira, 27 de junho de 2016

paciência














enquanto, com as duas mãos amasso a massa em cima da pedra do balcão da cozinha, a pedra fresca, a massa morna, e eu naquele ritmo que só paro quando a massa diz, pára, lembro-me de que um dia, há cerca de 52 anos, a minha mãe almoçava em Nampula umas empadas que achou tão deliciosas, que pediu que chamassem o cozinheiro. O homem, negro, deu-lhe a receita, alertando que aquilo só para a paciência de um preto. agora, todos os dias, amasso, logo pela manhã, com a paciência de um preto, o equivalente a oito receitas da massa, às vezes mais. de vez em quando recebe uma mensagem a agradecer as empadinhas milagrosas, deliciosas, que sem elas já não passam.

isto faz-me pensar nas voltas que a vida dá, e sorrio. tudo pode acontecer, sempre...














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