então abro o correio do trabalho logo de manhãzinha e escapa-se-me logo um 'filhos da puta', perante a enxurrada que me enviam. e se penso em enxurrada, lembro-me de chuva e abrando os meus impulsos do linguajar, pois a chuva acalma-me, vocês sabem que acalma.
então viro costas e chega a hora de levar aquele rapaz que nunca tem pressa e chega mesmo a dizer que nem horários tem, mas tem que eu sei que tem, ao metro, e, depois, fazer o meu regresso a casa pela marginal do mar, já que para a estação sigo pela marginal do rio.
então o mar hoje de manhã, tu sabes, e aqui sorrio para ti, estava daquelas cores que eu gosto, o cinza, o verde a fugir para o azul e a espuma toda que hoje as ondas estavam numa de se manifestarem, de tal forma que o mar salivava de arreliado, e transpirava, sentia-se de tal maneira o cheiro do mar, que só podia ser o seu suor.
então eu abri as duas janelas e deixei entrar aquele ar todo, aquele vento que me passa pelo pescoço e respirei fundo, sim fundo, que eu gosto desta palavra, e fiquei com o peito cheio do mar e das cores, da espuma, não.
então pensei que quando chegasse a casa ia ver no meu caderno, o que me disse o mar quando me alinhei com o elemento água. mas não fui. só agora, e diz-me o relógio que são 16h31, é que consegui ir ver, porque vocês sabem o tal do trabalho. mas pronto, fui ver e diz-me que me ensina a aceitar a inconstância da vida, o vai-vem de tudo e a equilibrar-me nessa ondulação.
então, deixei os palavrões de lado e apaziguei o vocabulário.
no peito, ainda trago o mar. quando me abraçares, vais ondular comigo e sentir o transpirar dele, e ver as cores todas. nem precisas de abrir os olhos. será conversa entre corações.
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