subsidio de natal

desde que tentaram vender-lhe uma bimby, argumentando que não custava nada a pagar, pois se pusesse de lado um euro por dia, só um euro por dia, ao final de dois anos e tal estaria paga, e não custava nada, era apenas um euro por dia... dona margarida disse que talvez, quem sabe, e que visto dessa maneira, realmente não custaria muito a pagar. e foi para casa a pensar no euro, só um por dia. 
quanto à bimby, sim, até podia dar jeito, mas lá em casa comem duas ou três bimbys a cada refeição... mas um euro por dia... aquilo soava-lhe bem.

então a partir desse dia, naquele frappé sem uso que tem guardado lá em casa, a dona margarida passou a guardar, atirando sem ver, todas as moedas de um e dois euros que calhavam de lhe ir parar às mãos, quantas vezes obrigando a trocos de notas de cinco e de dez sem necessidade.

foi assim que a dona margarida passou a receber o subsidio de natal, e, todos os inícios de ano, há cerca de três para cá, a dona margarida, quando se apanha sozinha em casa, faz montinhos de 10 moedas de um e de 5 moedas de dois euros, que vai colocando em saquinhos de cem euros cada um. no final, conta os sacos e o que sobra passa para o ano que entrou.

junta, diz ela, cerca de mil euros, mais coisa menos coisa, com esse dinheiro, já comprou sofás para a sala, e no ano anterior pagou as propinas do filho. este ano, com os três na faculdade, acha que vai pagar malabarismos.