quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

notícias


























querida z, pedes-me notícias. realmente tenho andado bloqueada para as palavras bonitas, mas aqui vão, resumidas e secas, mas vão. desculpa-me.

os rapazes lá vão, o artista com o desnorteio que eles reivindicam para a sua condição criativa, sem horas, aéreo e espontâneo. os outros dois, lá estão na cidade dos estudantes, sempre ansiosos por regressarem a casa e rejeitando, nem sei porquê, a oportunidade da vida deles de morarem com pai que se tornou coleguinha de turma, com todos os direitos a que um coleguinha se impõe.

mas imagino, coitado, que não deve ser fácil, pois em requerimento ao tribunal alega que cuida dos filhos lá naquela cidade, enquanto cá, nesta, leva e traz todos os dias, o outro, de e para a  faculdade. nunca duvidei dos poderes da criatura, mas agora reforço a convicção.

o mais velho recebeu uma notificação do departamento de veterinária, em que o acusa de possuir dois canideos que habitualmente se fazem acompanhar por uma cabra, também sua, e que tem o desplante de se passear com eles, canideos, sem argola na orelha, pela casa dos vizinhos, estragando flores, matando galinhas... enfim... imagina que o caprino foi até visto e detido pela polícia no parque de estacionamento do continente. coitado ou coitada, deve ter ido à promoção do borrego.

a minha mãe continua com aquela capacidade infinita de falar com malucos. digo eu malucos, de uma forma carinhosa, pois também estou incluída no rol. ainda era ela criança, lembras-te de ela contar?, e quando a minha bisavó dizia para ela ir buscar uma faca, pois queria matar a vizinha, respondia-lhe - não mate com essa avó, vou buscar-lhe duas muito melhores, espeta uma pela frente e outra por trás, e trazia-lha duas facas de sobremesa com que a senhora ficava muito contente. pois então, continua na mesma, e cada vez são mais os perturbados, para não dizer agora malucos outra vez, que a procuram para conversas alucinadas, que ela acompanha perfeitamente durante horas, se preciso for, sem nunca os contrariar.

quanto a mim, olha, continuo a dizer que a vida que eu vivo não deve ser minha, acho que me enganei na encarnação. as pessoas depositam em mim uma confiança que me deixa admirada e nem sei de onde vem. agora, para além de todo o resto, e depois de ter tirado o curso de tradutora interprete há mais de 30 anos, e nunca ter praticado, a não ser algumas aldrabices como guia turistica de sobreviventes da grande guerra, enviam-me textos técnicos para traduzir e resumir, de ciência, politica, economia... olha... posso dizer um palavrão? %$%&/((&%$$##$%/&//%...

acho que é tudo por hoje. haveria muito mais, muito mais. nem te falei dele. 

p.s - nem releio, não tenho pachorra.

fica bem, que eu aqui, com muitas saudades, e tu aqui tão perto...as distâncias, z, as distâncias...














4 comentários:

  1. :)

    Quando escrevo a quem gosto, nunca releio. Acho que traduz sempre mais o que nos vai na alma.

    Beijinho Ana

    ResponderEliminar
  2. é verdade, vizinha, ao correr da pena :)

    beijinho :)

    ResponderEliminar
  3. as distâncias... mesmo as curtas, são distantes.

    ResponderEliminar
  4. e são as mais dolorosas...

    bom dia Trovisco :)

    ResponderEliminar