sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

no correr da água





























a mulher senta-se para trabalhar e pensa que não tem sido generosa com a sua vida. perde demasiadas horas com trabalhos que a deixam insatisfeita, porque não os pode fazer como gostaria, porque o que exigem dela é retribuído de forma injusta, porque essas tarefas não a fazem lembrar do sol nem da chuva nem do mar com as ondas perfeitas que estavam ontem. disse-te que ontem vi uma onda perfeita? daquelas altas e lentas e transparentes? estás a ver?... nem isso te disse...

debaixo do chuveiro, com a água ora quente, ora morna a aconchegar-lhe o corpo, ela limpa o resguardo embaciado e adivinha os papeis colados na parede. não me deste o que eu desejava, mas deste-me tudo o que eu precisava. não te preocupes, confia, faz honestamente o teu trabalho, sê grato, respeita tudo o que vive. sê impecável com as tuas palavras...dá sempre o melhor de ti... e pede, pede à água e aos seus mestres que a ajudem naquela escolha. 'já pusemos tudo no teu caminho. as escolhas, o desconforto, a prosperidade, o cansaço, tiramos-te o ar fresco da manhã e os passeios à beira mar, deixamos que te desconsiderassem, e, ao mesmo tempo temos te aberto tantas portas, tantas janelas...até uma borbulha...até um borbulha...e que fazes tu? adias a vida.' dizem-lhe no correr da água.

















4 comentários:

  1. Há alturas mais difíceis que se questiona se vale a pena. Sou uma optimista e acho que os "frutos" conseguem-se a longo prazo. É continuar a tentar. Vivendo da melhor forma, com paz essencialmente.

    Beijinho Ana

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  2. às vezes é preciso mudar, vizinha... :)

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  3. Sim, Ana, por vezes é preciso mudar o rumo e escolher outro caminho.:)

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  4. pois é Ava, mas a curto prazo é mais fácil acomodar, do que mudar... no entanto a longo prazo...

    :)

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