sábado, 26 de dezembro de 2015

é sábado































a mulher saiu para a rua renovada em esperança. as conversas com o homem-terra têm o condão de a fazer regressar a si mesma, e a ele também, ela sente-o. 
- mandaste-me tirar os ovinhos debaixo dos braços - diz-lhe ele - é o que estou a fazer...
ela sente ternura por aquele homem, trabalhador nas coisas da terra e da alma. espírito em sintonia com o dela, tantas vezes demonstrado com um telefonema
- que se passa contigo rapariga, que me andas a picar o miolo desde manhã? diz lá...
e ela já a saber que ele ia telefonar com aquela pergunta. pois quando a vida lhe está mais pesada, quando ela se sente caída numa teia de aranha, quando o mundo desaba, ele sente e sai em socorro, da forma que pode, nem que seja para lembrá-la do mar
- vai ao mar, vai molhar os pés que ficas melhor
e ela fica.
já quando é ela que o sente, lá dos outros lados das pontes que os separam, com os ombros vergados pela vida, liga-lhe ela
- que se passa mafarrico? o que andas a pregar aos outros que não praticas na tua vida?
e riem-se. e emendam-se. e crescem como quem sabe que caminha junto há muitas vidas.
...
sabes, e isto agora é para ti,
as gaivotas estão em alvoroço e o mar está alto e turbulento, o rio corre impávido e sereno, com a calma de quem conhece o caminho e só as margens de si mesmo o condicionam. é sábado. pudesse eu ser rio. 

pudéssemos nós ser foz.













14 comentários:

  1. gentileza tua, bonança :)

    (obrigada)

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  2. :)

    O teu fim é um novo começo :) Bonito e suave o teu texto.

    Beijinho vizinha :)

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  3. claro. é a roda da vida :)

    bom sábado vizinha.... hoje há bolachas de avelã... :)

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  4. de maneiras que é isto:
    uns têm tudo (pendurado na porta)
    outros… nada (nem uma, umazinha)

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  5. de maneiras que é isto:
    se fosses meu vizinho, ficavas com tudo pendurado na porta :)

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  6. Já eu, não fui hoje ver o mar. E o rio não passa aqui. Contentei-me com o vento, soprando leve nas folhas da alfarrobeira. Nem começo, nem fim. O meio, apenas. :)

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  7. Tão bonito, ana. Obrigada :)

    Um beijinho

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  8. se soubermos escutar, o vento fala-nos de tudo, do rio e do mar, e o meio, é o caminho, e é caminhando que a vida segue. acho eu... :)

    bom sábado Luisa!

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  9. eu é que agradeço, Miss :)

    beijinho

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  10. parece simples de tão bonito que é... :-)

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  11. são só palavras Vanessa.
    beijinho :)

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