quinta-feira, 15 de março de 2018

traça







há muito que não sentia a maciez fresca da farinha, a viscosidade dos ovos e o calor da manteiga derretida, nas mãos. mas é sempre assim. quando ele parte, avariam-se os electrodomésticos. primeiro foi a máquina da roupa, depois o fogão, e agora a batedeira. já para não falar do desarranjo que acontece em  mim e das bolachas que deixo queimar no forno.
mas hoje eu queria mesmo era contar da borboleta que habita a minha casa há algum tempo. parece-me uma traça, mas não quero aprofundar-lhe a espécie para não esmorecer a cumplicidade que sinto e a companhia que aceito. revejo-me naquele insecto, atravessando com aparente calma a sala, enquanto tomo o pequeno-almoço. assim como eu, que me entretenho a dar de comer aos pardais, como se nada me faltasse.









3 comentários: