terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

mails







gostaria de ter apagado aqueles mails com a mesma lentidão com que outrora se rasgava uma carta, com ruído, com intenção, em vários pedaços. e naquela altura, a das cartas, perdiam-se para sempre as palavras escritas no papel, permanecendo apenas na memória traiçoeira. quantas vezes se tentavam reconstruir colando os pedacinhos de um texto rasgado com fúria. quantas vezes se procurava nos papeis feitos pedaços, uma réstia de perfume, a pressão da caneta ao escrever, uma marca qualquer de um amor rejeitado.
eu sei que um mail apagado, permanecerá, se do outro lado ele estiver guardado. não trazem os mails a pressão que faz a mão, com a esferográfica, enquanto desenha as letras sobre o papel, mas talvez possam ser mais duradouros, mesmo que os apague com intencional lentidão.












4 comentários:

  1. tinha um saco de pão cheio de cartas de amor que nã rasguei e inteiras, destinei-as no contentor do papel.

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    1. pelo menos foste ao eco-ponto...

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    2. na altura achei que seria prático existir um contentor só para cartas de amor... hoje em dia nã tinha qualquer sentido

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    3. talvez as cartas de amores desencontrados se encontrassem na ordem certa...

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