quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

a brasileira










a mulher, na frutaria, queixa-se que não tem homem
- há mais de um ano que nada...o senhor joão sabe disso...
o senhor joão não levanta os olhos da máquina de calcular
- o senhor joão está bem servido...
monologava ela
- tem uma boa mulher. é cá com uma categoria...
a mim, que a ouvia, pareceu-me que se a mulher do senhor joão não fosse de categoria, ela poderia tentar interromper aquele jejum, ao que parecia, forçado
- foi uma brasileira, sabe?
pergunta-me
- não, não sabia...
claro que não sabia. nunca antes a tinha visto
- deu-lhe a volta à cabeça e ele foi com ela. deixou-me, há um ano...
e eu que não lido muito bem com isto de serem as mulheres responsáveis por darem a volta à cabeça aos homens, ainda disse
- olhe que se foi assim, a sorte foi sua. se ele foi com ela, é porque as coisas não andavam lá muito bem. antes assim, livrou-se dele!
- ele? ai não, coitado...ela é que lhe deu a volta à cabeça. ele era muito bom comigo...
voltou a monologar ela enquanto se dirigia para a rua. 
o resto da conversa com o senhor joão, tem conteúdos que podem ferir ouvidos frágeis, mas lá voltaremos.










6 comentários:

  1. É sempre mais fácil culpar do que tentar ver e perceber onde estavam os problemas... e ele, coitado, foi levado sem querer, porque nem havia problemas nenhuns (provavelmente não havia nada, nem problemas...), se voltasse até era um santo, porque o compromisso que a senhora tinha era com a brasileira e ela é que a traiu... é uma lógica muito usada... e que eu também não entendo lá muito bem.

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  2. brasileira
    só há uma
    a do chiado
    e mai'nenhuma

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    1. antes uma brasileira no chiado, do que um cimbalino no telhado :)

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  3. Lá voltaremos!? Quando? Os meus ouvidos aguentam tudo. O mesmo não posso dizer da magana que papei ontem à noite. ;)

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