segunda-feira, 11 de setembro de 2017

dona fernanda
























vejo, da varanda, a dona fernanda a atravessar a rua, naquele passo ausente com que caminha sobre as folhas secas que o outono enviou para empurrar o verão para o próximo calendário. ela caminha com desprendimento e com o jeito de quem não está, estando. por fora, leva a vida de todos os dias, segue as rotinas e cumpre os horários, por dentro, carrega mundos e histórias para onde viaja, enquanto passo após passo, desculpa-se às folhas por cada pisadela, lamenta a calçada que abafa a voz da terra, e deseja que as formas das casas sejam redondas, mas as ruas linhas rectas. ao final do dia, chegará a casa, onde vai mergulhar numa chávena de chá quente e encomendar os sonhos no aroma da camomila.












2 comentários: