quarta-feira, 8 de junho de 2016

dedos























acordo e tu não estás. não estás em lado nenhum.
a amiga que na véspera desabafa que já se passaram quatro anos e que não fez nada por ela mesma. eu que murmuro, quatro anos...só quatro anos? e os outros todos...? e eu...e o tempo... adormeço. sou muito boa a adormecer, e acordo com o peso todo do mundo no corpo, colada à cama pareço o homem-pedra. por dentro e por fora.
o dia está todo cinzento. de uma só tonalidade e as árvores nem mexem. diria que não vivo, não fosse o barulho dos dedos que batem nas teclas do computador onde escrevo.
distraio-me a vê-los saltitarem de letra em letra, sabendo de cor os lugares de cada uma. escrevo de olhos fechados sem errar uma que seja. esvazio a cabeça e deixo-os escrever sozinhos, bem melhor do que eu o faria. ficaria aqui o dia todo, se pudesse, assim. saltitando os dedos.






é um tempo de cinza, este que vivo sem ti. é um tempo nulo, este que atravessa os dias de espera.
tempo de cardos no coração. tempo que se amachuca numa folha de papel escrita. 
nada, a não ser a respiração que acredito ser minha.
o mundo desfaz-se apressadamente
Al Berto




poema e imagem roubados, como de costume.
hoje, daqui










8 comentários:

  1. Hoje, nem os dedos me saltitam...

    Um beijinho, querida ana :)

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  2. como pardais novos que mal sabem pousar :)

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  3. eles sabem voar (vêm direitinhos aqui para a varanda), não sabem comer...já viste?...
    sabes caminhar mas não sabes alimentar-te, com fartura de comida à tua frente...

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