domingo, 15 de maio de 2016

terra


















é em dias como este e como os outros que eu queria uma casa no campo. como a da música dos capicua. uma casa como já tive e deixei para trás com uma vida inteira também.
mas o que eu queria mesmo era mexer na terra, na terra sem ser em vaso, naquela terra que não sabemos onde vai dar, ao outro lado do mundo talvez, como quando eu era criança e escavava a pensar que ia encontrar um canguru do outro lado do mundo.
mas as saudades que tenho é de ver as plantas crescerem e as árvores florirem e esperar pela glicinia e sentir as estações em tudo o que me rodeia, e alegrar-me com a chuva no tempo da chuva e o sol no tempo do sol e recear os tempos trocados.
mas hoje, mais propriamente hoje, o que me apetecia mesmo era arrancar ervas daninhas daquelas com as raízes muito grandes e fundas, como os trevos, e enfiar os dedos pela terra húmida e fria e tactear até encontrar o final da daninha e puxar com cuidado e senti-la a soltar-se da terra, lentamente, resistente, inteira.
eu quero ter uma casa no campo e sentir o pulsar da terra por baixo dos pés nuns.
quero mesmo.

















8 comentários:

  1. quando me sair o euromilhões, desces dos andaimes e vens. está combinado, Trovisco :)

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  2. ana, é tão bonito o que escreveste, que hoje, quando olhar para as mãos e as vir castanhas do sangue da terra, me vou lembrar de ti

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  3. Obrigada, Teresa, por te lembrares. Quem sabe eu sinta aqui, o cheiro da terra molhada nas tuas mãos...

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  4. acho que esta ainda diz melhor contigo...

    https://www.youtube.com/watch?v=kgoleqMXB5A

    beijinho

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  5. tens razão Laura, a Elis é sempre a Elis :)

    obrigada!
    beijinho

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  6. Mexer na terra acalma :)

    Olha e uma horta daquelas comunitárias?!

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